“E agora que vocês viram no que a coisa deu, jamais esqueçam como foi que tudo começou” (Bertolt Brecht)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Introdução a História/complemento

O tempo humano
     No início da história humana, homens e mulheres perceberam que algumas manifestações da natureza eram cíclicas, ou seja, havia acontecimentos que se repetiam com regularidade.
     Não se tratava de algo inútil. Saber com antecedência quando colher frutos e sementes, caçar ou cultivar a terra era vital para garantir a sobrevivência. Por isso, as primeiras comunidades humanas procuraram maneiras de medir a duração dos ciclos. A própria natureza fornecia sinais que marcavam os ciclos.
     Com base no nascer e no pôr do Sol, criou-se a ideia de dia. O ciclo completo de fases da Lua - que dura cerca de 29 dias - gerou o conceito de mês. As estações do ano e a posição de certas estrelas - que voltam ao mesmo ponto do céu a cada 12 meses aproximadamente – foram a base para o surgimento da ideia de ano.
     Com essas informações, os primeiros grupos humanos elaboraram calendários. Os calendários são uma espécie de tabela que permite registrar os ciclos passados e planejar o tempo futuro.

A medida do tempo
     Os povos da Antiguidade criaram calendários cuja base era a observação astronômica. A maior parte desses calendários seguia três referenciais: o movimento aparente do Sol, da Lua e das estrelas. Através do estudo do movimento desses corpos celestes, foram elaborados quatro tipos de calendários.
Calendário Solar - a base é o ano, o tempo que a Terra demora em dar uma volta em torno do Sol (medido em 365 dias e 1/4 de dia).
Calendário Lunar - a base é o mês lunar, a soma das quatro fases da Lua: nova, quarto crescente, cheia e quarto minguante, totalizando aproximadamente 29dias.
 Calendário Lunissolar - a base é o mês lunar, mas, para coincidir com o número de dias do ano solar, era acrescentado periodicamente mais um mês.
 Calendário Sideral - a base é o retorno periódico de uma estrela ou constelação a um local determinado do céu. Os sacerdotes egípcios passavam noites em claro para observar a primeira aparição da estrela Sírius ou Sótis, um pouco antes do nascer do Sol, a leste.

Cada povo com o seu calendário
     Cada sociedade humana criou uma forma própria de medir o tempo e fazer seu calendário, de acordo com suas necessidades. Observe a seguir alguns exemplos de calendários de sociedades antigas.

Egípcio - Os egípcios usavam um calendário solar de 365 dias. O primeiro dia do ano era determinado pela primeira aparição de Sótis, que coincidia com o início das cheias do rio Nilo, geralmente no nosso mês de junho. O ano era dividido em 3 estaçôes de 4 meses cada: estação da cheia do Nilo, estação do cultivo dos campos e estação da colheita.
 Chinês - O calendário tradicional chinês é lunissolar. Os anos comuns são lunares, com 12 meses de 29,5 dias. Como um ano de 352 dias cria problemas com as estações (começa a fazer frio nos meses de primavera ou calor nos meses de outono), os chineses acrescentavam um mês ou mais em alguns anos. Havia anos de até 385 dias.
 Maia - Os maias viviam na América Central, em regiões do atual México, Guatemala e Belize. Eles davam grande atenção à astronomia e possuíam um calendário solar de 365 dias e um calendário religioso de 260 dias.
 Romano antigo - Os romanos adotaram vários calendários ao longo da sua história. Originalmente eles seguiam um calendário lunar muito imperfeito, que ocasionava sérios problemas de defasagem em relação às estações do ano. Dessa época, o calendário herdou os nomes dos meses utilizados em quase todo o Ocidente.
Martius (março) - Era o primeiro mês do calendário tradicional romano. Trata-se de uma homenagem ao deus da guerra, Marte. Com o fim do inverno no hemisfério Norte, os exércitos em campanha reiniciavam os ataques em março.
Aprilis (abril), maius (maio) e junius (junho) - Possuem origem desconhecida. Segundo a tradição, esses nomes, assim como março, teriam sido dados pelo fundador de Roma, Rômulo.
Quintilis - Era o quinto mês do ano. No século I a.c., em homenagem a Júlio César, passou a ser chamado de Julius (julho).
Sextilis - Era o sexto mês do ano. Em homenagem a Otávio Augusto, no século I ganhou o nome de Augustus (agosto).
September, October, November, December - eram o sétimo, oitavo, nono e décimo mês no antigo calendário.
Januarius - homenagem ao deus Janus, deus do início e fim de todas as coisas.
Februarius - mês das Februas, homenagens aos mortos.

Os calendários atuais
     O antigo calendário romano seguia as fases da Lua. Como o ano lunar (cerca de 354 dias) é menor que o solar (365 dias e 6 horas, aproximadamente), em meados do século I a.c. o calendário de Roma estava 6 dias adiantado em relação às estações do ano. As estações frias e quentes não começavam nos dias e meses tradicionais. Consequentemente, o plantio e a colheita não coincidiam mais com as antigas datas .

• A reforma de Júlio César
     Júlio César, quando se tornou governante de Roma, ordenou a elaboração de um novo calendário que fizesse os meses e estações voltar a coincidir.
     Com base no calendário solar egípcio, foi determinado que o ano em Roma passaria a ter 365 dias, divididos entre os 12 meses romanos. Alguns meses teriam 30 dias e outros 31. O início do ano já havia mudado de Martius (março) para januarius (janeiro).
     A cada ano, porém, ficavam faltando 6 horas para completar o ciclo solar. Isso resultava na defasagem de 1 dia a cada 4 anos, ou quase um mês (25 dias) por século.
     Para compensar essa defasagem, os astrõnomos determinaram que a cada 4 anos fosse acrescentado um dia ao mês de fevereiro. É o chamado ano bissexto.
     Esse calendário ficou conhecido como juliano. Depois ele foi usado pelos cristãos, que adotaram como marco inicial o Ano 1, a data presumida do nascimento de Cristo.
• O calendário gregoriano
     A reforma de Júlio César apresentava um problema. O ano de 365 dias e 6 horas era 11 minutos e 14 segundos maior que o ano solar. Em consequência, a cada 128 anos o calendário usado pelos cristãos se adiantava 1 dia inteiro.
     No século XVI, esse adiantamento já estava em 10 dias.
     Muitos astrônomos fizeram propostas de reforma do calendário. O problema era encontrar alguém que tivesse o poder necessário para impor a nova contagem de tempo ao Ocidente. Essa pessoa foi um papa, o chefe da cristandade ocidental: GregórioXIII.
     Por decreto do papa, o ano de 1582 perdeu 10 dias. A quinta-feira de 4 de outubro de 1582 foi seguida da sexta-feira de 15 de outubro. Estava resolvida a defasagem herdada do passado.
     Para evitar que se ganhasse mais 1 dia a cada 128 anos, resolveu-se eliminar alguns anos bissextos.
     Assim, só seriam bissextos os anos centenários que fossem divisíveis por 400. Na regra antiga, todos os
anos divisíveis por 4 eram bissextos.
     Parece complicado, mas não é: o ano de 1600 foi bissexto (é divisível por 400), mas 1700, 1800 e 1900
não foram.
     O ano 2000 foi bissexto, mas 2100,2200 e 2300 não serão. O ano de 2400 será bissexto.
     Na prática, apenas 1 em cada 4 anos centenários será bissexto, eliminando 3 dias a cada 400 anos, exatamente a defasagem existente.
     O calendário gregoriano resolveu os problemas do calendário juliano e é adotado por muitas nações na
atualidade, inclusive pelo Brasil.
• Nem todos são gregorianos
     O calendário gregoriano não é o único utilizado no século XXI. Nem a contagem de tempo cristã é a única existente. Muitas sociedades seguem seus calendários tradicionais, por serem mais bem adaptados às suas necessidades e crenças.
     É o caso do calendário judaico, que é lunissolar, composto de 12 meses de 29 ou 30 dias. Para compensar a defasagem de 11 dias em relação ao ano solar, é acrescentado um novo mês de tempos em tempos.
     O marco inicial do calendário judaico é a criação do mundo. Segundo o livro sagrado dos judeus, a Torá, o ano 1 judaico corresponde ao ano de 3760 a.c. do calendário gregoriano.
     O calendário islâmico, usado pelos povos que adotam a religião muçulmana, é inteiramente lunar. O ano é composto de 354 dias. Portanto, seus dias e meses não se fixam às estações. As festas e feriados islâmicos movem-se lentamente por todas as estações do ano.
     Os muçulmanos consideram o ano 1 de seu calendário a Hégira, ou fuga de Maomé da cidade de Meca para Medina, que no calendário gregoriano ocorreu no ano de 622.

FONTE:
História, ensino médio organizadores Fausto Henrique Gomes Nogueira, Marcos Alexandre Capellari. - 1. ed. - São Paulo: Edições SM,2010. - (Coleção ser protagonista)
Conexões com a História / Alexandre Alves, Letícia Fagundes de Oliveira. - 1.ed. - São Paulo. Moderna, 2010.
História: das cavernas ao terceiro Milênio /Patrícia Ramos Braick. Myriam Becho Mata. 2. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.

Narradores de Javé
Somente uma ameaça à própria existência pode mudar a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de Javé. É aí que eles se deparam com o anúncio de que a cidade pode desaparecer sob as águas de uma enorme usina hidrelétrica. Em resposta à notícia devastadora, a comunidade adota uma ousada estratégia: decide preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heroicos de sua história, para que Javé possa escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias.
O mais esclarecido é o carteiro Antônio Biá, que apesar das desavenças com os moradores locais se torna o responsável por reunir as histórias sobre a origem de Javé.
Ao entrevistar vários dos moradores mais antigos, Antônio Biá percebeu que todos contavam a história "puxando a sardinha" para as suas respectivas famílias. E a graça reside no fato da memória oral privilegiar alguns detalhes que favorecem uns em detrimento de outros. Como diz o nosso Biá: "uma coisa é o fato acontecido, outra é o fato escrito". E o filósofo "javélico" está correto, nenhum historiador consegue ser 100% isento ao transpor fatos ocorridos para o papel.
Acaba sendo impossível escrever tantas discrepâncias históricas, e Antônio Biá sabe muito bem que nada impedirá o desaparecimento de Javé, pois trata-se do "progresso".
Direção: Eliane Caffé
Ano: 2003
Áudio: Português
Duração: 100 minutos
Tamanho: 600 MB

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