“E agora que vocês viram no que a coisa deu, jamais esqueçam como foi que tudo começou” (Bertolt Brecht)

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sobre a civilização Árabe

Alfanjes, azeitonas e alfinetes
     "Os séculos de presença moura na Península Ibérica influenciaram a cultura espanhola e portuguesa em aspectos como a arte, os costumes, as práticas agrícolas, a culinária e o idioma.
     A língua portuguesa, por exemplo, assimilou centenas de palavras de origem Árabe, em sua maioria substantivos. Azul, forro e baldio estão entre os raros adjetivos. Os mouros também nos legaram o verbo afagar, o pronome indefinido fulano, a preposição até e a interjeição oxalá.
     Um traço distintivo de muitas palavras de origem árabe e a presença do artigo semita al, aglutinado ao substantivo. Assim, al Faris, "0 cavaleiro", transformou-se em alferes, um posto na hierarquia militar.
     A maioria dos substantivos Árabes corresponde as seguintes categorias: cargos e organização administrativa: alcaide, aldeia, arrabalde, alferes, almoxarife, alfandega, alvará; termos militares: arraial, alcácer, atalaia, alfanje, refém; plantas cultivadas e silvestres: arroz, algodão, azeitona, alcachofra, cenoura, laranjaaçúcaralfarroba, alecrimaçucena, alfazema; profissões: alfaiate, almocreve; unidades de medida: alqueirearroba; animais: atum, alcatraz, javali; particularidades topográficas: albufeira, recife; artigos de luxo e instrumentos musicais: almofada, alcatifa, marfim, alfinete, rabeca, alaúde; produtos agrícolas e industriais: azeite, álcool, alcatrão; criação de gado: res, zagal; arquitetura: adobe, chafariz, alvenaria, alicerce; ciências: algarismo, álgebra, cifra, auge, zênite, nadir, alquimia, química etc. Sem esquecer de algaravia, termo depreciativo para a fala das populações mouras, que soava confusa aos ouvidos cristãos."
(PIEL, Joseph-Maria. Estrutura do léxico português. Disponível em http://www.instituto-camoes.pt/.) 

Por baixo do véu das muçulmanas 
    “Estereótipos escondem a diversidade real da situação feminina nos diferentes países e classes do mundo islâmico.
     Desde os ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono, multiplicam-se as imagens do Oriente Médio, cenas que retratam belicosos protestos de rua, tranquilos momentos de orações, pessoas tratando do seu dia-a-dia na esfera pública. Depois de alguns momentos, percebe-se algo de estranho nessas imagens: não ha mulheres. Nunca. É como se a outra metade da população não existisse. [...]
     As imagens de mulheres islâmicas em alguns países do Oriente Médio e da Ásia Central, mostram-nas com roupas que as esconde, e, frequentemente isoladas da sociedade. O noticiário fala de vidas femininas limitadas - as mulheres afegãs não podem trabalhar, sair de casa nem mesmo para ir ao médico, as sauditas não podem dirigir carro. Flagrantes noticiosos documentam espantosas execuções de mulheres adulteras e mostram mesquitas e escolas abertas apenas aos homens.
     Para o americano médio, não versado em islamismo, essas imagens tendem a levar a uma conclusão obvia: as mulheres muçulmanas são oprimidas. Sua cultura e sua religião as relegam a um status secundário no qual levam vidas infelizes de servidão aos machos que governam seu mundo.      
     Mas basta examinar mais de perto a questão do islamismo e das mulheres e esta certeza desaparece:
     O islamismo é na essência uma religião sexista? As mulheres muçulmanas levam vidas de opressão?  O véu significa necessariamente sujeição? Todas as muçulmanas estão no mesmo barco miserável?
     'Não existe uma sociedade muçulmana monolítica', diz Elizabeth Fernea, professora aposentada da Universidade do Texas, que escreveu cinco livros sobre o islamismo, entre eles In Search of lslamic Feminism (Em busca do feminismo islâmico). 'Ha uma incrível diversidade no mundo islâmico no que diz respeito as mulheres. Veja-se o caso de extremistas como os talibãs, que fecharam escolas, hospitais e proibiram as mulheres de trabalhar: no mundo muçulmano, muitos dizem que isso é contra o islamismo, contra o Al Corão'.
     Acadêmicos como Fernea ironizam a percepção das mulheres muçulmanas como oprimidas: o Marrocos, por exemplo, tem mais advogadas per capita que os Estados Unidos; o Egito tem mais engenheiras que a Alemanha. O mundo muçulmano tem tido numerosos chefes de Estado do sexo feminino.
     Vem então a lembrança a Arábia Saudita, onde as mulheres não tem permissão para viajar sem um parente masculino, para trabalhar em funções típicas do sexo masculino (exceto medicina) ou receber educação e instrução sem permissão do pai. 'Todas essas praticas variam de país a país', diz Geneive Abdo, jornalista que passou muitos anos cobrindo a região do Oriente Médio para o Dallas Morning News e o jornal britânico Guardian. 'A Arábia Saudita seria considerada muito mais rigorosa até pelos muçulmanos que vivem no Irã, onde as mulheres podem ter empregos, ir a rua e se apresentar em público'.
     O fato é que as mulheres muçulmanas estão sujeitas a mesma realidade que afeta as mulheres em toda parte: é o dinheiro que faz a diferença; [...] Segundo Fernea, mesmo na Arábia Saudita as mulheres bem de vida podem ir, por exemplo, a Paris comprar roupas chiques e sexy (embora não para usá-las em público). Ironicamente, no entanto, a riqueza também pode influir no grau em que uma mulher se vê recoberta de véus e tolhida em seus movimentos: em certas sociedades muçulmanas; diz Hargrove, o fato de não ter de sair de casa para trabalhar pode ser considerado um símbolo de status. 'Não é assim tão diferente da vida das mulheres ricas nos Estados Unidos, não é mesmo?".
(STOELTJE, Melissa. Por baixo do véu das muçulmanas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 out. 2001. Disponível em: "http:/(www.jb.com.br/jb/pape!/cidade/2001/10/20/jorCid20011020011.html.)

Saber mais
link relacionado: Filmes: Árabe/OrienteMédio/Islamismo

2 comentários:

  1. Me ajudou muito na prova, obrigado!

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  2. estava precisando desse texto para estudar para uma prova, obrigado.

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