“E agora que vocês viram no que a coisa deu, jamais esqueçam como foi que tudo começou” (Bertolt Brecht)

domingo, 2 de setembro de 2012

Crise econômica mundial - 2008

     O setor financeiro internacional recebeu apenas em 2008, quase dez vezes mais recursos públicos do que todos os países pobres do planeta nos últimos cinquenta anos. O dado foi divulgado pela campanha da Organização das Nações Unidas (ONU) pelas Metas do Milênio, destinada a combater a fome e a pobreza no mundo. Enquanto os países pobres receberam, em meio século, cerca de US$ 2 trilhões em doações de países ricos, bancos e outras instituições financeiras ganharam, em apenas um ano, US$ 18 trilhões em ajuda pública.
     A ONU alertou que a crise econômica mundial piorará ainda mais a situação dos países mais pobres, lembrando que, na semana passada, a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) afirmou que a crise deixará cerca de 1 bilhão de pessoas passando fome no mundo.
     A revelação foi feita no início de uma conferência entre países ricos e pobres, que ocorre na sede da ONU, em Nova York, para debater o impacto da crise. Segundo o diretor da Campanha pelas Metas do Milênio, Salil Shetty, esses números mostram que a destinação de recursos públicos ao desenvolvimento dos países mais pobres não é uma questão de falta de recursos, mas sim de vontade política.
     “Sempre digo que se você fizer uma promessa e não cumprir é quase um pecado, mas se fizer uma promessa a pessoas pobres e não cumprir, então é praticamente um crime”, disse Shetty à BBC. “O que é ainda mais paradoxal”, acrescentou, “é que esses compromissos (firmados pelos países ricos para ajudar o mais pobres) são voluntários”. “Ninguém os obriga a firmá-los, mas logo eles são renegados”, criticou o funcionário da ONU.
     Um dos efeitos desta perversa distorção foi apontado pela FAO: a quantidade de pessoas desnutridas aumentará no mundo em 2009, superando a casa de um bilhão. “Pela primeira vez na história da humanidade, mais de um bilhão de pessoas, concretamente 1,02 bilhão, sofrerão de desnutrição em todo o mundo”, advertiu a entidade. A FAO considera subnutrida a pessoa que ingere menos de 1.800 calorias por dias.
     Do total de pessoas subnutridas hoje no mundo, 642 milhões concentram-se na Ásia e na região do Pacífico e outras 265 milhões vivem na África Subsaariana. Na América Latina e Caribe, esse número é de 53 milhões de pessoas. Em 2008, o total de desnutridos tinha caído de 963 milhões para 915 milhões. O motivo foi uma melhor distribuição dos alimentos. Mas com a crise, o quadro de fome no mundo voltará a se agravar. Segundo a estimativa da ONU, um milhão de pessoas deverão passar fome no mundo nos próximos meses.

Saiba Mais – Documentários
Trabalho Interno (Inside Job)
Pouco mais de dois anos após o estouro da crise econômica mundial, em setembro de 2008, o maior colapso financeiro desde a crise de 1929, foi lançado o documentário "Trabalho Interno". O filme é um dos indicados ao Oscar 2011.
Dirigido por Charles Ferguson e retrata os lados obscuros de Wall Street. Narrado pelo ator Matt Damon, revela verdades incômodas da crise que teve início com a quebra do banco americano Lehman Brothers.
Com base em uma extensa pesquisa e séries de entrevistas com políticos, economistas, jornalistas e personalidades do setor financeiro – como o mega investidor George Soros –, o filme revela as corrosivas relações e o jogo de interesses entre governantes, agentes reguladores do sistema financeiro e o mundo acadêmico.
Os depoimentos – em certos momentos concedidos de forma exaltada – e as entrevistas com alguns dos envolvidos no episódio – nitidamente contrariados diante das questões colocadas pelo diretor Charles Ferguson –, revelam ainda o esquema de mentiras e condutas criminosas, inflado pelos altos salários e pelos bônus bilionários oferecidos aos executivos do mercado financeiro.
Ferguson não poupa republicanos nem democratas: culpa ex-presidentes dos dois partidos, começando por Ronald Reagan, que assumiu o comando dos Estados Unidos em 1981 – ou seja, 27 anos antes da eclosão da crise –, passando pelos governos Bush (pai) e Bush (Jr.), Bill Clinton até Barack Obama.
Segundo o documentário, no governo Reagan teve início o processo de desregulação do setor financeiro, com a suspensão de diversas barreiras de segurança que poderiam ter evitado as operações de risco e as fraudes financeiras nas demonstrações contábeis dos bancos.
Esse descaso em nome de uma suposta melhoria nas condições de competição do sistema financeiro americano criou situações assombrosas, como a existência de um único funcionário responsável na Securities and Exchange Commission (SEC) – o órgão similar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil - por toda a gestão e fiscalização de exposição ao risco do mercado financeiro. Ferguson revela também as medidas desastrosas do Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, potencializadas por uma condução governamental perigosa para a sustentabilidade econômica, num caldeirão com boas doses de corrupção, vista grossa e irresponsabilidade.
Direção: Charles Ferguson
Ano: 2010
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 108 minutos

Grande Demais Para Quebrar (Too Big to Fail)
Retratando o colapso de Wall Street com intensidade ímpar, Too Big to Fail mostra de forma fascinante os bastidores da crise que golpeou o sistema econômico dos Estados Unidos em 2008. Baseado no livro de mesmo nome, do autor Andrew Ross Sorkin, a produção da HBO explora o que viveram os poderosos homens e mulheres que decidiram o destino da economia mundial em poucas semanas. A trama é centrada no Secretário do Tesouro norte-americano Henry Paulson (interpretado por William Hurt), no presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke (Paul Giamatti) e no presidente do Banco Central de Nova York, Timothy Geithner (Billy Crudup), que junto com funcionários do governo, integrantes do Congresso e os presidentes das maiores empresas do mundo, tentaram salvar a economia norte-americana do colapso.
Direção: Curtis Hanson
Ano: 2011
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 98 minutos

1929: A Grande Quebra (1929: The Great Crash)
O ano de 1929 passou à história como o ano no qual estourou a maior crise econômica do sistema capitalista. Os “Felizes Anos Vinte” foram um tempo de prosperidade e bonança econômica para os Estados Unidos que, ao contrário dos seus aliados europeus, haviam ressurgido fortes e dominantes da Primeira Guerra Mundial. Esta seria uma época dourada caracterizada por fortes investimentos, crédito fácil e especulação que atingiria o seu auge em Outubro de 1929, após a devastadora queda da Bolsa de Wall Street. As consequências dramáticas não tardariam a fazer-se sentir: incalculáveis perdas econômicas, mais de três mil bancos na bancarrota e um grande número de famílias na mais completa ruína. O documentário aproxima-se desta época conturbada através dos testemunhos de pessoas que viveram este período histórico. Conta, além disso, com arquivo inédito da época e com a opinião de especialistas que irão comparar aquela época com a atual para compreender a situação que o mundo enfrenta neste momento.
Direção: Joanna Bartholomew
Ano: 2009
Áudio: Inglês/Legendado
Duração: 60 min

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